quarta-feira, 24 de março de 2010

75.ª «Achado arqueológico raro no Castelo», in-D.N., 18.03.2010/1431

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Lisboa

Achado arqueológico raro no Castelo

por ISALTINA PADRÃO 18 Março 2010

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É a única capital europeia com um núcleo arqueológico com vestígios do séc. VII a.C. até ao séc. XVIII. Abre hoje

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Em 2600 metros quadrados, localizados no Castelo de São Jorge, em Lisboa, "coabitam" povos desde o século VII a.C. até aos nossos dias. Trata-se do Núcleo Arqueológico do Castelo que hoje abre as suas portas ao público e no qual se encontram vestígios desde a Idade do Ferro até ao século XVIII, sem esquecer que o projecto arquitectónico bem como a sinalética têm como autores dois portugueses do século XXI.

Estamos perante um núcleo civilizacional contínuo raro de encontrar. Aliás, segundo as arqueólogas que têm trabalhado nas escavações, este é um projecto ímpar, de que muito se orgulham. "Hoje, Lisboa é a única capital europeia que, num castelo com uma freguesia intramuros, tem um núcleo arqueológico visitável onde se vê um pedaço histórico de várias ocupações desde o séc. VII a.C. até ao séc. XVIII", disse ao DN a historiadora Susana Serra, corroborada por Ana Gomes e Alexandra Gaspar, arqueólogas da Direcção Regional da Cultura de Lisboa e Vale do Tejo.

"Com estas dimensões e em tão bom estado de conservação é raro encontrar num mesmo espaço vestígios que testemunham três períodos significativos da história do Castelo e de Lisboa", frisa Ana Gomes. Esta responsável refere-se às estruturas habitacionais da Idade do Ferro (séc. VII a.C. - III a.C.); a um bairro islâmico de meados do séc. XI (época da construção do Castelejo); e ainda a vestígios do Palácio dos Condes de Santiago.

Os primeiros vestígios foram encontrados em 1996, quando se pensava transformar a praça nova do Castelo num parque. "No âmbito do projecto de requalificação do Bairro do Castelo havia a intenção de fazer aqui um parque de estacionamento. Quando as arqueólogas começaram as escavações perceberam que havia aqui vestígios relevantes que mereciam uma intervenção profunda", explicou a gestora do Castelo, Teresa Oliveira.

Dada a relevância dos achados, em 2006 iniciou-se um processo de musealização com a candidatura ao Plano Operacional da Cultura (POC). Em Dezembro de 2008 foi instalado o núcleo museológico na zona do antigo Paço Real "com o espólio encontrado intramuros, com incidência na área arqueológica", disse Teresa Oliveira.

E foi nesta área que as arqueólogas começaram por encontrar vestígios da Idade do Ferro. Neste núcleo havia vestígios de muros e de um compartimento que corresponderá à cozinha, onde havia potes, taças, panelas e ânforas (peças que serão expostas no núcleo museológico). Outro núcleo visitável é o islâmico, onde se encontraram ruas e casas (correspondentes à típica casa mediterrânea). "Têm um pátio central, despensa, cozinha e compartimentos que se organizam à volta do pátio: cozinha, despensa, salões com alcovas (quartos)", disse Ana Gomes, adiantando que as casas têm cerca de 200 m2 e estão bem preservadas.

No terceiro núcleo, o do palácio, que pertenceu aos bispos de Lisboa até ao séc. XV e depois foi arrendado aos condes de Santiago, "foram achados compartimentos correspondentes ao rés-do-chão, onde estavam cozinha, armazéns, despensas, cavalariças e jardim", frisou Alexandra Gaspar adiantando que o palácio ruiu com o terramoto de 1755. As peças intactas achadas estão no museu. Tudo pode ser visto a partir de hoje, dia da inauguração do núcleo, onde ontem se faziam os últimos retoques.

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" al-mâdar : http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1521650&seccao=Sul , consultāḋo m-24.03[Março/ar-Rabīħ].2010 / 09.04[Rabīħ al-thānī].1431 . Mensāgem modificāḋä m-24.03[Março/ar-Rabīħ].2010 / 09.04[Rabīħ al-thānī].1431 .

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